quinta-feira, 23 de abril de 2009

Saúde deve priorizar alimento sem agrotóxico, defendem especialistas

São Paulo - A preocupação com a segurança dos alimentos deve ser tão importante quanto as apreensões em relação à segurança pública. Essa é a mensagem que especialistas apontam após a pesquisa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que revelou concentrações irregulares de agrotóxicos em determinados vegetais, como pimentões e morangos. Pesquisadores defenderam a continuidade do trabalho e rebateram alegações de que bastaria lavar as frutas para eliminar riscos, além do argumento de que não haveria comprovação sobre a possibilidade de o produto contaminado causar mal à saúde.

Segundo afirmam os pesquisadores, também não seria verdade que não há problema em utilizar um agrotóxico aprovado para a banana, por exemplo, no pimentão. Essa foi uma das principais irregularidades encontradas pela pesquisa, mas representantes do agronegócio afirmaram que o uso das substâncias em culturas para as quais não estão aprovadas não traria riscos. "Essa é uma luta que não para. Ao mesmo tempo em que temos de nos preocupar com a segurança (pública), por exemplo, temos de nos preocupar com o que iremos consumir", compara Délio Campolina, presidente da Sociedade Brasileira de Toxicologia.

"A continuidade desse programa é fundamental para o controle fitossanitário dos alimentos. É uma questão de segurança alimentar", defende o professor associado do Departamento de Genética da Universidade de Brasília (UnB) Cesar Grisolia, autor do livro Agrotóxicos: Mutações, Câncer e Reprodução.

Para Campolina, a simples divulgação dos dados deve gerar queda do consumo dos piores produtos e estimular o agronegócio a corrigir o uso de agrotóxicos. "A presença dos agrotóxicos nos alimentos não é visível, o consumidor está indefeso." Segundo enfatiza Campolina, mesmo lavar com água e sabão muitas vezes não é suficiente, pois o agrotóxico penetra em frutas e legumes. "Há nessa lista (da Anvisa) agrotóxicos que estão sofrendo restrições severas em todo o mundo", diz Grisolia. A Anvisa, no entanto, não conseguiu banir seu uso em razão de liminares obtidas por empresas.

Fabiane Leite e Karina Toledo

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